Silêncio que se vai escrever um poema,
o poeta vai rezar,
que não lhe trema a mão,
não lhe falte a palavra,
e que jorre o verbo de dentro do seu coração.
Silêncio,
o poeta vai dizer,
brancas palavras,
correndo apressadas,
cantando alvoradas,
inventando versos,
de mil sóis pintados,
fazendo luares,
marés cheias sem mares.
Silêncio,
o poeta vai amar,
mulheres de corpos celestes,
num mundo de homens agrestes,
ave de asa cortada,
crianças morrendo por nada,
chora convulsivamente nos braços da mulher amada.
Silêncio,
que de silêncios se vive,
em silêncio se ama,
com silêncio se morre,
em silêncio se grita,
e o mundo silencia
enquanto o poeta escreve sem rima,
não era silêncio,
não era poema,
nem será palavra,
o poeta é o amor que há muito tempo esperava,
que se faça silêncio,
para o silêncio gritar poesia!
Adelina Charneca
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
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