quarta-feira, 18 de dezembro de 2013


..por meu nome me apropriei de ti...
por minha dor me comparo ...
por minhas entranhas aqui te senti...
...por ti...por ti...Charneca em Flor...
...por querer-te me apagarei...
...por amar-te em ti viverei...
...Ohhh...por sonhar-te tanto,mais te sonharei...
por sorrir-te...para que me sorrias...a minha vida darei!!!
Adelina Charneca*
**************
Charneca em Flor
Enche o meu peito, num encanto mago,
O frêmito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...

Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!

E nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E, já não sou, Amor, Sóror Saudade...

Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

...escrevi um poema ao poema...
escrevi uma estrofe sem pena...
deliciei-me com palavras em verso...
...nasci em cada olhar perverso...
...fui balada de encantar...
...fui um soneto de apaixonar...
...serei eterna enquanto durar...
...serei paixão enquanto amar...
...mas...
...sou muito mais que isso...
sou trovoada a rebentar...
sou tormenta no mar com vagas de espantar...
sou vulcão em erupção,a arder sobre o mar...
sou sim...e serei o que quiseres...
serei fada...bruxa má...
serei de tal forma invisível...
como nem sabias que há...
serei...
queres?
Adelina Charneca*

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013


...onde estás. ..
...por onde te levam os teus passos que nem a rua os abraça. ..
...que olhos vêm o teu olhar quando por ti ela passa...
...como vêm os teus olhos sem o brilho que lhe dá o amar...
...onde param as tuas mãos no acto de tocar...
...onde estás. ..?
Adelina Charneca

...aqui a noite é beijada por palavras...
...beijada pela saudade das tuas mãos...
...quando em meu corpo lavravas...
...beijada pela saudade dos teus beijos...
...quando na chegada me beijavas...
...beijada esta noite pela solidão...
...que sinto sem beijos teus...
...no meu solitário coração.
Adelina Charneca

...tudo que é verdadeiro antes de ser aceite é triste...
...tudo que já é triste só pode ficar ainda mais triste. ..
...hoje é só o que me ocorre, dentro da minha infinita tristeza de já lágrimas não ter para deitar a não ser por mim própria! !!
Adelina Charneca

...às vezes tive vontade de gritar ao mundo para que abrisse os olhos e visse...
...outras vezes tive necessidade de prostrar-me em silêncio. ..
...algumas vezes revoltei-me e chorei até perder as forças. ..
...outras tantas vezes limitei-me a escutar o tamanho da minha dor...
...dezenas de dias de àgua nos olhos. ..outras tantas noites sem dormir nem sonhar...
...ahhhhh...e tantas manhãs e tardes procurando a saída mais curta...e menos dorida. .....ohhhh céus não me deixem aqui tão só. ..
....ohhh dor...mata-me de uma vez, sem dó...
...acaba já com a vida...dorida. ..e aflita desta pobre e pequena criatura. ..
...vem morte e leva-me...porque tanto tardas...porque tanto demoras...já se cansam de esperar por ti estas tantas e incontáveis horas...
Adelina Charneca

Poema à minha estrela


...esqueci estrela d'alva,
esqueci o teu cavalgar desenfreado pelo céu negro da noite,
esqueci o brilho que emanava de ti ao beijar-te e ao beijares-me,
esqueci o fulgor do teu beijar,
e sinto que esqueci
pelo frio que já tenho nos meus lábios,
esqueci minha estrela ,
o teu calor na minha pele,
naquelas noites tão frias do mês da nossa Primavera
em que fui escolhida por ti feita semente no meu peito como a Hera,
sinto que esqueci pela solidão que tenho na minha cama,
esqueci o viajar das tuas mãos
fressorosas pela minha pele de seda,
esqueci,
esqueci o calor do doce da tua voz no meu ouvido,
dentro da minha boca,
quando com os teus beijos me deixavas tão louca
esqueci o perfume do suor dos nossos corpos,
em perfeita comunhão de desejo,
vou esquecendo dia a dia o breve amor que apregoavas ter sentido...
minha estrela d'alva...esqueco tudo,
no momento em que te sonho
e te tenho de novo totalmente enebriado,
enfeitiçado no meu amor sincero
o momento em que em sonhos ainda te tenho e quero...
esqueço tudo...tudo,
só não esqueco nada...nada,
AMO-TE minha boa estrela
amo a ti que me guias no meu querer mais absoluto e raro...
AMO-TE nao percebes?
AMO! !!
Adelina Charneca

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013


...se eu disser tudo o que tenho vontade, morro
..mas, se não disser morro do mesmo mal...que fazer?
Gostava muito mais de mim quando dizia tudo o que pensava,
mas...
a vida ensinou-me que devo ficar calada...
as pessoas de coração na boca sofrem muito!!!!
Adelina Charneca*

...a (in)sustentável leveza de estar bem consigo própria...
a tranquila certeza de ser a sua melhor companhia...
o sentir-se leve sustentavelmente só...

Adelina Charneca

Poesia!!!



...se choras...se ris...eu estou sempre contigo...porque faço parte de ti...
Adelina Charneca

...e eis que...
quando a esperança já era morta...
o colete de forças se desfaz...
e ao brandir da espada da guerreira...
guerreira de bandeira Branca cor da paz...
de bandeira doce como o seu amor...
eis que...
o bem mais uma vez venceu o mal...
Adelina Charneca*

..a noite fria e solitária aproxima o seu abraço...
...muito mar desagua na noite num olhar que olha a distância...esperando! !!!!
Adelina Charneca


Comerei cada letra e cada palavra que sair dos teus lábios,
escutarei cada segundo com a ilusão de estar ao teu lado...
usarei todos os sentidos no cumprimento do sonho"o teu sonho"...

minha voz!!!
Adelina Charneca

...os poetas não dormem...
levitam enquanto fazem amor com as estrelas. ..

...a minha alma está sempre onde estiveres TU...
Adelina Charneca

...e ...sentiu um arrepio na pele...
uma espécie de estertor final. ..
percebeu que era chegado o seu fim, fechou os olhos para nunca mais os voltar a abrir mas...
não tinha chegado a sua hora, permaneceu imóvel horas sem fim até que...
sentiu um perfume no ar...
sentiu o seu respirar...
céus ele estava ali, tinha morrido com ela...
era imenso o seu amor...
Já não tinha dúvidas...



...na minha inquieta inquietação pergunto-me...
...será que sou eu que escrevo poemas ...
...ou será que os poemas me escrevem a mim...
Adelina Charneca*
(inquieta)

...a alma é...
um estado de ...
paixão,
chamado... coração...
...o coração...
tem mais alma que a própria alma!!!
Adelina Charneca
(com a alma em estado de...PAZ)

...e...
...quando a noite vem e se veste de luar...
sobra-me a recordação do tempo em que ainda te hei-de amar...

Adelina Charneca

...refugio-me na noite para esconder-me de ti ...
...quanto mais me escondo mais me vês. ..
Adelina Charneca

Vou partir:_disse-me ela...
...tanta paisagem bela à minha volta esperando a minha atenção e eu aqui focada num ponto distante, tão distante que mal o vejo e o ponto nem se lembra que eu existo:vou deixar que a paisagem me envolva e me abrace, quem sabe se a porta que a distância me fecha não se abrirá para mim como um novo mundo onde eu tenha espaço. ..quem sabe?
Respondi sem hesitar;_e justo que o faças, sobretudo é justo contigo que és uma mulher cheia de garra, de beleza interior, cheia de talento e vontade de dar e receber amor e _com um sorriso contagiante...ao dizer tudo isto à minha amiga senti-me eu própria desta forma, uma pessoa maravilhosa_.
...há pessoas lindas e transparentes como o cristal mas...o mundo aprecia mais a opacidade!
POBRE MUNDO
Adelina Charneca
(atenta à paisagem)

...tu...me olhaste nos olhos,
...a sorrir...pronunciaste o meu nome...
...lá no vale...onde deixei o coração...
...contigo...buscarei o nosso ...AMAR...!!
Adelina Charneca*

...a rosa (flor)no seu triste entardecer. ..
...na solidão abandonada...
...a noite ja se adivinha...
gelada...
...e a faz na sua dor...
emudecer...
(rosa)flor desabrigada...
...fora de um coração que não te deram...
...dor na tempestade...
...na verdade verdadeira...
...ser metade...
...ou ser inteira...
...alguma dor te asola para teres assim chegado fora de tempo...
...alguma tristeza te dobra...
...pobre flor...
...assim abandonada,e só,a noite inteira...
Adelina Charneca
...já no teu ser me escuta a voz atenta que nâo grita a dor que a maltrata e atormenta ...
Adelina Charneca

...a chuva já escorre neste vale das vinhas...
...pasme-se...
...ela não vem do mar...
...mas é salgada! !!
Adelina Charneca

...quero...
...queres???
...adoro...
...adoras???
...choras???
...por quem...?
...por mim...
...claro...!
Porquê???
...nao sei...
...e...??????
Adelina Charneca

...o meu poema!


..o meu poema espelha a dor...
retrata a ânsia,
...no meu poema retrato dor...
escrevo inconstância...
...no meu poema onde te vejo...
espelho amor...
escrevo desejo,
...no meu poema...
...não existem assimetrias,
no meu poema...
este que te dedico...
não existe solidão...
...nem dor no coração...
não existe tristeza...
nem frieza...
existes tu...
todos os dias...
amem ...no meu poema!
Adelina Charneca*

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013


ACENDES

A Adelina Charneca

Atravessas o mundo
da palavra aberta ao sentimento
na língua do fado e de Pessoa.

Acendes o tremor do verbo antigo
no meio do tumulto da tua vida.

Ana Muela Sopeña
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ENCIENDES

A Adelina Charneca

Atraviesas el mundo
de la palabra abierta al sentimiento
en la lengua del fado y de Pessoa.

Enciendes el temblor del verbo antiguo
en mitad del tumulto de tu vida.

Ana Muela Sopeña

Poeminha

Leva-me a voar no vento sem rasgar a alma A crescer d'alento nesta tarde calma Não soltes um ai Que se não apague Não pares e vai ...