quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Sim...aqui.

...aqui me tens em gestos em flor
deixa-me lá dizer-te
o que é o amor
explicar-te mil vezes
ou até um milhão
fazer-te escutar
o que é um bater
de um coração
sentes...
sentes em mim
o que sou
sinto
sinto em ti
para onde vou
querer é saber viver
viver
é aprender a querer
hei-de inventar e fazer
o que tenho
para aprender
saber
viver
querer
A
M
A
R
-
T
E
Adelina Charneca*

...PALAVRAS SEM GESTOS


...há palavras que só chegam uma vez
há outras que se repetem através dos tempos
e outras ainda que acabam por morrer
afogadas em sentimentos
há também gestos que te apaixonam
outros que te desgostam
ainda alguns que te decepcionam
e alguns em quem ninguém aposta
há palavras simples e belas
que apenas esperam o momento
palavras com traduções singelas
que transmitem muito sentimento
há palavras desnecessárias
porque vêm sem o abraço
palavras cansadas na espera
que se transforma em cansaço
nada digas de palavras vãs
cala tudo o que puderes
foge ao que sentes
esconde-te,e verás
que palavras sem gestos
não existem
elas persistem
mas morrem no contacto com o ar
que a faz voar
e dispersar,
antes de ao seu destino ela chegar.
Adelina Charneca*

Sentada à beira do caminho



...tantas vezes te escrevi
tantas palavras soltas te deixei
Pedi ao luar que te encontrasse
às estrelas que te iluminassem o caminho
e te trouxessem até mim
ao sol que aquecesse a minha alma gelada
Pedia e não me escutavas
escrevia e nada acontecia
cansei
cansei
e cansada eu estava
sentada na beira do caminho
chorando baixinho
já esquecida
entristecida
sem esperança do eco das minhas preces
sem esperança que o vento
me trouxesse o aroma que desejava
esmorecidas estavam as minhas vestes
o meu olhar caído no chão
o rosto cinzento
perdido de alento
tanto escrevi
tanto pedi!
Adelina Charneca*

A eterna madrugada em ti


...madrugadas de incensos...
de onde me chegam estas madrugadas
que do teu cheiro vêm perfumadas?
madrugadas bem claras
de onde vem esta claridade
que do teu nome me traz em lembranças raras
madrugadas em que despertávamos
e de imediato nos abraçávamos
onde estão estas madrugadas?
quem dorme agora nas tuas madrugadas
nos teus braços,
e te sorri antes de abrir os olhos?
Para quem preparas agora o café
ainda antes que se pusesse de pé?
para quem vais comprar bem cedo
os churros do teu bairro
tão doces que até se chupava o dedo?
com quem falas agora de coisas sérias
e juntas dinheiro para fazer férias?
A quem levas agora junto da Virgem
e diante dela prometes amor eterno?
Estas madrugadas trazem-te até aqui
estas madrugadas sem beijo e sem sorriso
ou será que já não há madrugadas?
O dia pegou-se com a noite e são um só
a noite pegou-se com o dia e...
de tão pegados até dão dó
Dó de pena..dó sem aquela cena
aquela das madrugadas apaixonadas
que renegas ter sentido
aquela cena das madrugadas
que ainda que o renegues
não podes esquecer ter vivido...
será que alguém esquece
aquele amor desmedido?
que continha beijos e abraços
dos pés à cabeça?
que continha abraços e beijos
da cabeça aos pés
será que alguém pode esquecer
uma boa parte...
do que viveu na sua vida?
Adelina Charneca*.

terça-feira, 20 de agosto de 2013


...com os pés pregados no chão
entendi, o desconhecido
que em sol sustenido
baralhava meu coração
com os braços amarrados
tocamos melodias
de versos inacabados
com os olhos envergonhados
olha-mo-nos em vontades
de corações descompassados
com os lábios trémulos
de desejo abrasados
sentimos e demos
os beijos que foram desejados
interrompido
este amor não vivido
na calada dos desejos
em lugar desconhecido
de vontades foram os beijos
num impulsivo desejo sentido
mulher coragem
mulher vontade
mulher amante
mulher com vantagem
de o ser no instante
apenas mulher
que deseja e faz
por acontecer!
Adelina Charneca*

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Chamar-me-ia saudade...


...já pensei mudar meu nome,
acrescentar ou tirar,
tanto faz...
por um nome mais explicito que combine na verdade
com este meu sentir
sem paz...
este meu sentir saudade.
Já pensei mudar meu nome
por...
um nome mais colorido
um nome mais engraçado
um nome bem florido
que fique bem com este fado
este fado que é saudade
que busca o caminho em vão
e só encontra a entrada
para este meu coração
coração que tem saudade...
e...
já pensei mudar meu nome
chamar-me-ia;
SAUDADE...
Adelina Charneca*


...o que eu daria agora para voltar lá...
lá onde usávamos soquetes as meninas e calções os rapazes...
e os joelhos rasgados da infância nunca doiam...
...o que eu daria...
para voltar a correr sobre o muro da igreja sem medo de cair...
...o que eu faria...
quantos kilometros andaria para voltar a ouvir a Prf.Maria Helena...
(mas não levar com a régua,nem com o ponteiro)
brincar no recreio...
à apanhada...
à macaca...
sem macacadas,
à mamã dá licença...
jogar às cinco pedrinhas...
voltar ao b a ba e a soletrar a tabuada...
7x1=7
7x2=14.....
ahhhhhhhhhhhhhh...
o que eu daria!
Adelina Charneca*

Não sei...




Não sei se acordei no meu corpo
sei que abri os olhos
mas...
suponho que este corpo que está aqui
não é o meu...
hoje acordei no teu corpo...
acordei em ti
senti o teu cheiro
a tua presença
senti que estavas aqui
que estavas em mim
e que eu estava em ti
senti que este corpo com que dormi
tem algo dentro
algo muito forte
que apenas pode
ser de ti...
tudo está fora
mas eu sinto cá dentro
possuir
são metáforas para os outros
em mim tu vives
em teu corpo celeste adormeço
com teu corpo
eu me desperto
e sinto-o meu
e sinto-te meu
quando acordo...
que sensação...
de estares aqui..
dentro!
Adelina Charneca*

A poesia deixou de me ter sua refém
parti as algemas,
quebrei as amarras
e agora...
agora sou livre
e só escrevo o que quero
e não mais o que me dita o desconhecido
...a poesia deixou de ser minha carcereira
deu-me as chaves da cela
e eu parti em liberdade
e agora sempre que me encontro com ela
é só por sermos ambas ...
''VERDADE''!
Adelina Charneca*

domingo, 18 de agosto de 2013

...teu nome


...escrevi teu nome no sol...
e se queimou...
escrevi-o na lua...
e se afundou no universo...
escrevi-o na água e se coloriu...
escrevi-o no ar e voou...
entretanto...
escrevi-o no meu coração...
e se colou...
escrevi-o na minha carne ...
e como-o aos pedacinhos...
a todas as horas da minha vida...
escrevo-o no futuro...
e vejo-o sempre junto a mim...
escrevi o teu nome e...
apaixonei-me por ti...
escrevi o teu nome...
e quero-te...
desde o infinito onde escrevi o teu nome...
quando o teu nome morrer...
quero que o meu vá com ele..
até ao eterno nome...
Amor!
Adelina Charneca*

Poeminha

Leva-me a voar no vento sem rasgar a alma A crescer d'alento nesta tarde calma Não soltes um ai Que se não apague Não pares e vai ...