quinta-feira, 29 de setembro de 2011


A tia "lagartixa"


Não é segredo para ninguém que existe de facto um tratado das alcunhas Alentejanas,hoje recordo UMA MULHER,familiar parenta afastada,sei lá, é a tia Lagartixa penso que lhe tenham dado esta alcunha talvez pelo seu ar despachado e porte fisico esguio ,porque a tia até tinha um nome lindo,(o mesmo que a amada de D.Pedro),nome raro nos tempos do antigamente em que as terras do interior Alentejano eram povoadas por Marianas, Domingas ou Marias.
A tia nasceu no ínicio do século vinte,quando as mulheres eram menos que nada,namorou e teve um filho solteira,(mau,mau)isto não começa bem,nascer no inicio do século vinte e ser mãe solteira,nas profundezas do Alentejo,mas foi uma história de amor da qual sei pouco,a familia do jovem que era de posses não queria o namoro(a tia devia ser muito linda)a tia era pobre o que não evitou que se amassem mais do que aqueles tempos o permitiam???(a tia ficou grávida e a familia queria enviar o jovem enamorado para África a fim de tudo ser esquecido mas,ele preferiu a "morte a tal sorte" e, pôs fim à vida com uma corda ao pescoço no celeiro da propriedade,enquanto a tia via crescer no seu ventre o volume da sua vergonha.
Era solteira e com um filho homem para criar,quando apareceu o tio (nem digo aqui a sua alcunha)que a pretendia para esposa ela não hesitou e aceitou-o,coitada da tia "lagartixa"onde ela se foi meter,a partir desse momento passou a dormir com o inimigo,viu-se obrigada a aceitar tudo em nome da "bondade" dele se ter casado com ela mau grado o filho da "vergonha".viveram uma vida demasiado longa juntos,até ao dia em que ele partiu,e a libertação da tia foi uma realidade,conhecê-mo-la então,era uma mulher fabulosa(só podia ser),um coração fascinante,comprou o seu primeiro frigorifico após a morte do carcereiro e,mal acabou o luto(roupa preta até à alma,com carinhosa incluída),teve a felicidade de possuir em sua casa a primeira televisão,dois aparelhos extremamente banais,mas que ele nunca lhe tinha permitido comprar,mau grado todo este passado tão sofrido era comum ouvir a tia lamentar-se,(Ai marido da minha alma tanta falta que me tem feito).Admirável a capacidade de resistência e a disponibilidade para sentir falta de quem a tratava abaixo do que era aceitável...(GRANDE TIA)
(EU)
08-06-2010
23.00H

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