Adelina Maria Garrido Charneca,nasceu ''Largo do Gadanha'' Estremoz
na pequena
freguesia de S.Bento do Ameixial Concelho de Estremoz ,vive em Lisboa e...
escreve como forma de libertação,de ser gente com
sentido,de fazer acontecer e dizê-lo,de sentir com os sentidos sempre despertos
para o belo e apaixonante ser ,seu igual...e,
trago comigo os sabores e
os cheiros das cozinhas do Alentejo,as carnes curadas
cozinhadas em grandes panelas de um peso inusitado colocadas estrategicamente
ao redor de um lume que ardia numa enorme chaminé,das ervas aromáticas do forno
a lenha de onde vinha um explêndido aroma a pão quente acabado de cozer
sorvendo o azeite derramado sobre ele,o sabor das tibornas(tiborna é pão
acabado de cozer com azeite e açucar por cima) que comia sentada ao lume ,trago
muito do Alentejo dentro de mim talvez um Alentejo que só existe no
meu imaginario mas é este o Alentejo da minha meninice aquele de que
tenho saudades,aquele que podia ter sido e não foi,o Alentejo do mistério que
ficará para sempre por desvendar.
Diria que é o meu Alentejo''meu''por ser fruto da minha
imaginação(não por exacerbado bairrismo)...recordo ainda as paredes caiadas e a
frescura que delas emanava,os cantes dos ranchos de gente trabalhadora cantando
modas ao desafio escutadas ao longe ora nos dourados trigais ceifando
as espigas ora nos gélidos olivais apanhando a azeitona,sorvendo água do
cocho refrescada em cântaros de barro ou chegando-se ao lume feito no chão para
aquecer um pouco as pontas dos dedos que no contacto com a terra gelada
cuidavam de congelar,o cantar dos passarinhos ou até o incitamento do homem à
parelha que trabalhava a terra.O voo da águia sempre me encantou,julgo ser
desde então que a invejo na sua altivez e possibilidade de se assenhoriar de
todo o céu azul que por estas terras de sonho tem um azul muito mais
acentuado.Trago ainda bem presente as cores e o monte da minha infância aquele
que 1º ficou marcado na minha memória e ainda hoje tantos objectivos depois
continua bem vivo em mim,o Alentejo e a sua imensidão é o que mais me alargou os
horizontes me fez este ser que não se contenta com olhares curtos e estreitos.
Adelina Charneca
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