sábado, 1 de dezembro de 2012

NA ARENA ( foto ao poema por Adelina Charneca ) **






Amazona me senti,
Até querer cortar um peito,
Para poder usar o arco,
E a flecha seguir a direito.

Amazona me senti,
Da força fiz meu cavalo,
E aguerrida engoli,
Os insultos que em mim calo.

Rainha da Capadócia,
De certeira convicção,
A seta que em mim brami,
Trespassado coração,
De sentimentos despi,
Bruta fui pela razão.

E como toiro na arena, senti,
Estucadas redondas,
Do cerco que não fugi.
Ouvi também as palmas,
Do meu corpo massacrado,
E como bicho estúpido que só vê o encarnado,
Não sabia a minha força.

Hoje sei.
Da arena vivida, penas de mim,
Mera falta de certeza,
Do que fui em melhores dias.

Venham bandarilhar-me agora!
Exponham-me toda nua!
Até com musgo me cubro,
Simples pedra de rua, pisada sem culpa…
Porque existe sempre uma força abrupta,
Que nasce entre as frestas do querer,
E brota…brota,
Atrevida flor,
Que me veste até morrer.


Raquel Calvete

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