quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Outono *

*****************************
Hoje o dia acordou e abriu os olhos de espanto ao ver o arvoredo todo em pose semi-nua,de seguida  penetrou na densa floresta onde raios de sol iam abrindo espaços de luz filtrada pelo folhedo que teimava em se manter agarrado aos galhos já meio secos ,o chão estava finalmente coberto pelas mais variadas folhas caídas durante o pequeno vendaval ocorrido  pela noite dentro ,sinal de que estava finalmente consumada a posse do Outono pelo seu espaço no calendário temporal, eu passeava devidamente abrigada com um confortável xaile que herdei de minha mãe  repentinamente  tive  um arrepio e senti um sopro mais forte ,percebi de imediato que de nada me servia o xaile de quadradinhos de croché,ia chover encontrava-me distante de casa o suficiente para depressa ficar molhada como um pintainho ''verde''pois era essa a cor do meu abrigo casual,foi quando de repente surgiu o meu cavaleiro andante(chamo-lhe assim deste então),alguém que eu nunca tinha visto nas redondezas e que me chamava insistentemente para dentro do seu automóvel,esqueci todas as recomendações familiares para  não falar com estranhos e...blá...blá...blá...entrei  rapidamente no automóvel apanhando ainda as primeiras  grossas gotas de água que desabavam  sobre a orla da floresta e que caíram certamente durante uma boa meia hora.
O ilustre desconhecido apresentou-se,o meu nome é ????,eu segui-lhe o exemplo  ...eu sou a ????,estava apresentada definitivamente aquele que viria a ser e que é o príncipe encantado que ainda hoje vive nos meus sonhos o que nunca se transformou em sapo por ser fruto da minha imaginação,''óbvio''.
Afundei-me dentro daquele olhar profundo e meigo,deixei-me ir por ali fora e quando finalmente chegámos ao local que lhe havia indicado algo distante de casa para o caso de alguém de lá me ver chegar a bordo do automóvel de um desconhecido não vir com o inevitável sermão,ainda hoje ninguém sabe que foi desta forma que conheci o ????,dizia eu que quando finalmente chegámos já sabíamos que desse dia em diante pouco tempo ou nenhum conseguiríamos ficar separados.
Em conjunto sonhamos sonhos que não passam pela cabeça do mais vulgar ser humano,gostamos de  deambular em longos passeios  na nossa densa floresta sobre o  tapete de  folhas outonais que se estende charmoso debaixo dos nossos pés,de vez em quando rola sobre as nossas cabeças unidas(muito unidas) uma ou outra  folha inconveniente,os raios de sol espreitam por entre os galhos despidos,o velho xaile repousa agora nas costas de um cadeirão junto à lareira ,enquanto o ainda mais velho automóvel descansa na garagem dos fundos da Quinta muito bem cuidado  todos os dias alvo de esmerada limpeza por parte do seu  proprietário,nós os dois eu e o ???? bem juntinhos à lareira do lar que fundamos em conjunto tomamos um copo de vinho enquanto tentamos sobreviver à paixão que nos avassala e arrebata sempre que nos deixamos perder no  olhar   e no terno abraço um do outro...
(EU)
19-10-2011
19.30h

Sem comentários:

Poeminha

Leva-me a voar no vento sem rasgar a alma A crescer d'alento nesta tarde calma Não soltes um ai Que se não apague Não pares e vai ...