quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Silêncio que se vai escrever um poema,
o poeta vai rezar,
que não lhe trema a mão,
não lhe falte a palavra,
e que jorre o verbo de dentro do seu coração.
Silêncio,
o poeta vai dizer,
brancas palavras,
correndo apressadas,
cantando alvoradas,
inventando versos,
de mil sóis pintados,
fazendo luares,
marés cheias sem mares.
Silêncio,
o poeta vai amar,
mulheres de corpos celestes,
num mundo de homens agrestes,
ave de asa cortada,
crianças morrendo por nada,
chora convulsivamente nos braços da mulher amada.
Silêncio,
que de silêncios se vive,
em silêncio se ama,
com silêncio se morre,
em silêncio se grita,
e o mundo silencia
enquanto o poeta escreve sem rima,
não era silêncio,
não era poema,
nem será palavra,
o poeta é o amor que há muito tempo esperava,
que se faça silêncio,
para o silêncio gritar poesia!
Adelina Charneca


Eram muitas palavras desencontradas,escritas em linha recta,
não podia escrevê-las,mas podia pensá-las,
juntava-as todas e sentia-se poeta,
eram frases que não entendia
sentimentos que nem sabia
nunca rimava,
mas sustentava o sentimento,
alegrava-se e sorria em algum momento
e agradecia,
como sempre, 
com um sorriso à vida!
Adelina Charneca
 
...era da palavra sua escrava
e o verbo seu fiel servidor
somava 1+1=2
na matemática do amor,
era Abril sem primavera
raiz sem caule
montanha sem neve
orvalho sem vale,
era beijo sem lábios
rosa em botão sem canteiro,
teoria de sábios
erva de cheiro,
era sol sem calor
madrugadas sem amor
estrela sem fulgor!
Adelina Charneca

terça-feira, 27 de janeiro de 2015


Hoje,
decidi vestir-me com a pele das tuas mãos,
dormir entre lençóis de musicas que ninguém tocou,
sonhar sonhos de gemidos que ninguém provoca,
ferir-te de amor,
sem fazer-te dor
desfazer-te o coração,
vestindo-o de neblinas de algodão,
e amar-te...
(a)marte,
nas estrelas de vénus,
ordenar ao relógio que pare para sempre ,
nas horas do nosso amor.
Adelina Charneca

Fui à procura de um velho poema
e tudo o que encontrei foi poeira nas palavras
essas palavras gastas de repetirem os mesmos sentimentos
todas dizem o mesmo
todas me falam de ti
da tua ausência no silêncio 
das tuas mãos vazias deixando as minhas mãos frias
não descobri nenhum velho poema que não te fosse dedicado
os meus poemas são todos de alguma forma escritos em teu nome 
que em mim começa a ficar esgotado!
Adelina Charneca

Se eu fosse pintora,
pintava todas as flores do universo
e com elas formava um campo imenso
só para te ver passar junto a mim,
se eu fosse escritora,
escrevia todas as palavras do alfabeto
só para te fazer sentir ''assim'',
se eu fosse cantora,
desafiava todas as aves canoras
e com elas cantaria uma completa sinfonia
só para saber em que coração moras,
se eu fosse actriz,
desempenharia feliz, afinal
na tua vida ,um papel principal!
Adelina Charneca

Escrevi um poema ao céu
pensei em ti,
escrevi um poema ao mar,
pensei em ti,
escrevi um poema às montanhas,
pensei em ti,
escrevi um poema à lua,
pensei em ti,
escrevi também ao sol,
pensei em ti,
escrevi à saudade,
pensei em ti,
escrevi à poesia ,
pensei em ti,
escrevi ao tempo,
aí,eu perdi,
o tempo não me escutou,
o céu não me acreditou,
o mar me afundou,
a montanha era muito alta,
a lua escureceu,
o sol se nublou,
a saudade me matou,
a poesia...
me desencantou!
Adelina Charneca

Poeminha

Leva-me a voar no vento sem rasgar a alma A crescer d'alento nesta tarde calma Não soltes um ai Que se não apague Não pares e vai ...