segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Testamento


Já fiz e registei o meu testamento...!!!
...e em determinada alínea...poderão ler a seguinte exigência!!!
...que conste na minha pedra tumular o seguinte...
...AQUI JAZEM OS OSSOS DE UMA MULHER QUE NEM SOUBE COMO MAS,CONSEGUIU SER FELIZ MAIS DE DEZ MINUTOS SEGUIDOS...
Adelina Charneca*

Dói...


...arrancarei de mim cada pedacinho teu
...partirei para longe cruzando o azul do céu
o coração desfeito...
contrafeito...
pedaço por pedaço deito-o ao mar...
pedaço por pedaço...
deixarei de te amar...
Ah...quanta força terei que fazer...?
Sei que vai doer ...
doer!!!
No final...
o doer nos fará viver...
Ai...como dói este arrancar de mim a ti...
Ai...como faz mal esta dor lancinante
do arrancar do coração...
aqui.
....não quero mais esta dor...
nunca mais...
nunca mais quero o amor!!!
Adelina Charneca*

Mulher


...se olhar bem no fundo do seu olhar,
verá alguém que tem muito para contar...
...se fixar bem as rugas do seu rosto,
verá decerto uma mulher de bom gosto...
se pensar no seu bom gosto...
que com a idade é um posto...
de bom gosto para viver...
saberá que por debaixo do seu vestido cor purpura...
existe uma mulher de idade madura...
as marcas do tempo não lhe perdoaram...
deixando-lhe as marcas do cansaço de tanto labor...
e as sensações de ter vivido já muito amor...
a mulher saber...
a mulher sentir...
a mulher que quer...
a mulher que aceita...
e nunca rejeita...
a possibilidade...
da eterna felicidade...
anda...fá-la feliz...
essa mulher tem tudo...
tudo que te falta...
e tu tens o que ela sempre quis...
tão só amor...
amor...
amor...
sou(EU)quem to diz
Adelina Charneca*

Não esqueço


Todos os relógios de casa
Já batiam as 24 horas
Quando por fim o sono a venceu!!!
No seu pensamento
surgiam as lembranças em corrida louca
De todas as vezes que ele havia beijado a sua boca
O toque das suas mãos
Sentia-o ainda bem vivo
O entrelaçar dos dedos entre os seus
Era ainda uma lembrança
Que a fazia corar de excitação
Como se pode amar tanto a uma pessoa
Se o simples toque dos seus dedos te fazem levitar 
Ou sentir um arrepio na pele
Tão forte ...
que era impossível não sentir
A lembrança dos olhares cruzados
Ainda a fazem sorrir
E ela...
Deixa-se levar no peso das recordações
Que não consegue conter
O mundo gira em volta dela
Mas...
O seu mundo...
Parou!!!

Adelina Charneca

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Tu


...hoje tu és o verso...
eu deixei-me ser o reverso...
hoje tu és a poesia...
eu a mão que te escreve...
hoje tu és a saudade...
eu sou quem te sente...
tu tens o meu coração...
eu sou...
a solidão!!!
Adelina Charneca*

Todas as manhãs são Outono




...todas as manhãs escuto a tua voz...
em todos os lugares onde vá...
...assaltam-me as lembranças de nós...
...em todas as musicas que escuto..
estás...
o tempo passa e o teu perfume...
permanece...
o relógio implacável marca o tempo a correr...
há que esquecer...
esquecer para poder viver...
...o cair da folha nas árvores...recorda-me,
que...
em cada final sempre existe um renascer...
o eterno é efémero...
o efémero já nada é...
resta...
nada resta...
só ...só recordações...
recordações e soluços...
soluços escondidos...
na garganta ...nos olhos...
nas mãos vazias...
nos pés que estão sem caminho...
nos cabelos ao vento,
ao vento...
esse vento que sussurra ao meu ouvido
palavras que não entendo...
não quero entender o que me diz...
nem que me leve mais onde já fui feliz...
...neste lugar desconhecido é onde fico...
e o vento insiste e repete...
...o teu nome...???
Adelina Charneca*

domingo, 6 de outubro de 2013

Num tempo...sem tempo.


No recato de um concerto de câmera com a plateia em número reduzido olho-te de frente e a direito mas,não suporto o peso do teu olhar que me obriga a pestanejar ...
notas o meu embaraço e surpreendentemente...
atiras ao meu ouvido palavras que de algum modo já conheço,
uma a uma,declamas  em surdina um poema com algum peso...
Poema meu,decorado por ti,
poema que ninguém leu e...
de repente...
é quem eu não esperava que o diz.
O tempo já passou por nós implacável,
de nada nos servirá esse tempo dos beijos  que nunca demos,
ele,o tempo está prenhe de sonhos correndo  neles desenfreado,e eu..
corro nos sonhos já sem tempo...
amiúde,o tempo já não me deixa sonhar...
invento eu um tempo que apenas é possível se for criado por mim...
zangada com o hoje,retiro-me...
é que...
poderá ainda o tempo dar-me momentos que me voltem na memória e me prolonguem no amanhã o hoje,
 e...
me façam viver o presente no sonho da hipótese  do amanhã...
no final...
sempre haverá alguma doçura  e desejo pelo que não chegamos a provar!!!

Adelina Charneca

Poeminha

Leva-me a voar no vento sem rasgar a alma A crescer d'alento nesta tarde calma Não soltes um ai Que se não apague Não pares e vai ...